terça-feira, 25 de dezembro de 2012

12º cap de A Marca de Atena (traduzido)


Leia tambem:  O 1º cap; 2º cap; 3º cap; 4º cap5º cap6º cap7º cap; 8º cap9º cap10 cap; 11 cap

XII-Piper
PIPER NÃO CONSEGUIA EXPLICAR COMO ELA SABIA DAQUILO.
Histórias de aparições e almas torturadas sempre a apavoraram. Seu pai costumava tirar onda das lendas Cherokee de quando seu avô Tom ainda estava na reserva indígena, mas mesmo em casa, na grande mansão em Malibu, olhando para o Pacífico, sempre que ele recontava aquelas histórias de fantasmas, ela nunca conseguia tirá-las da cabeça.
Espíritos Cherokee sempre foram incansáveis. Eles frequentemente perdiam seus caminhos para a Terra dos Mortos ou ficavam para trás com os vivos por pura teimosia. Às vezes, eles nem percebiam que estavam mortos.


Quanto mais Piper aprendia sobre ser uma semideusa, mais convencida ela ficava de que as lendas Cherokee não eram tão diferentes dos mitos Gregos. Esses eidolons agiam de forma bastante semelhante aos espíritos das histórias de seu pai. Piper sentia nas entranhas que eles ainda estavam ali, simplesmente porque ninguém os havia dito para irem embora.
Quando ela terminou de explicar, os outros a olharam desconfortáveis. Acima deles, no convés, Hedge cantou algo que pareceu ser - In the Navy - enquanto Blackjack batia seus cascos relinchando em protesto.
Finalmente Hazel suspirou. — Piper tem razão.
— Como pode ter tanta certeza? — Perguntou Annabeth.
— Eu já vi eidolons. — disse Hazel. — No Mundo Inferior, quando eu estava...  Vocês sabem.
Morta.
Piper havia esquecido que Hazel era uma segunda chance. Da sua maneira, Hazel também era um fantasma renascido.
— Então... — Frank passou a mão no seu corte de cabelo curto, como se algum fantasma pudesse ter invadido seu couro cabeludo. — Você acha que essas coisas estão a espreita no navio, ou...
— Possivelmente de espreita dentro de um de nós — disse Piper. — Não sabemos.
Jason cerrou os punhos. — Se isso é verdade...
— Devemos tomar iniciativa — disse Piper. — Acho que posso fazer isso.
— Fazer o que? — Percy perguntou.
— Apenas escutem, ok? — Piper respirou fundo. — Todos me escutem.
Piper olhou em seus olhos, uma pessoa de cada vez.
— Eidolons — ela disse usando seu charme — levante suas mãos.
Houve um tenso silêncio.
Leo riu nervosamente. — Você realmente achou que isso iria...?
Sua voz morreu. Sua face ficou inexpressiva. Ele levantou as mãos.
Jason e Percy fizeram o mesmo. Seus olhos se tornaram vítreos e dourados. Hazel prendeu a respiração. Próximo a Leo, Frank se contorceu em sua cadeira e pôs as costas contra a parede.
— Oh, deuses. — Annabeth olhou para Piper suplicante. — Você pode curá-los?
Piper queria chorar e se esconder debaixo da mesa, mas ela tinha que ajudar Jason. Ela não podia acreditar que havia ficado de mãos dadas com... Não, ela se recusava a pensar naquilo.
Ela se focou em Leo, que era o menos intimidador.
— Há mais de vocês nesse navio? — ela perguntou.
— Não — disse Leo em uma voz profunda. — a Mãe Terra enviou três. Os mais fortes, os melhores. Nós viveremos novamente.
— Não aqui, vocês não irão — Piper rosnou. — Todos os três, escutem atentamente.
Jason e Percy se viraram para ela. Aqueles olhos dourados eram desencorajadores, mas ver todos os três garotos daquela forma foi um combustível para a raiva de Piper.
— Vocês vão deixar esses corpos — ela ordenou.
— Não. — Percy disse.
Leo deixou escapar um sibilar suave. — Nós devemos viver.
Frank tateou procurando seu arco. — Marte, Todo-Poderoso, isso é tenebroso! Saiam daqui, espíritos! Deixem nossos amigos em paz!
Leo se virou para ele. — Você não pode nos dar ordem, filho da guerra. Sua própria vida é frágil. Sua alma pode irromper em chamas a qualquer momento.
Piper não tinha certeza do que aquilo significava, mas Frank ficou atordoado como se tivesse sido socado nas entranhas. Ele sacou uma flecha, com as mãos tremendo. — E-eu já encarei coisas piores que você. Se você quer lutar...
— Frank, não. — Hazel se levantou.
Próximo a ela, Jason sacou sua espada.
— Pare! — Piper ordenou, mas sua voz estremeceu. Rapidamente estava perdendo fé nos seus planos. Ela havia feito os Espectros aparecerem, mas e agora? Se ela não conseguisse persuadi-los a irem embora, qualquer derramamento de sangue seria sua culpa. No fundo de sua mente, ela quase podia ouvir Gaia gargalhando.
— Escutem a Piper. — Hazel apontou para a espada de Jason. A lâmina dourada parecia crescer pesadamente em suas mãos. A espada bateu na mesa fazendo um som meio estúpido¹ e Jason se afundou em sua cadeira novamente.
Percy rosnou de uma forma bastante diferente de seu jeito. — Filha de Plutão, você pode controlar gemas e metais, mas você não controla os mortos.
Annabeth se aproximou de Percy como se tentasse contê-lo, mas Hazel a afastou.
— Escutem, eidolons. — Hazel disse firmemente. — Vocês não pertencem a este lugar.
Posso não dar ordem à vocês, mas Piper pode. Obedeçam-na.
Ela se virou para Piper, com uma expressão claramente dizendo: — Tente de novo. Você consegue.
Piper juntou toda sua coragem. Ela olhou diretamente para Jason, diretamente para os olhos daquela coisa que o controlava. — Vocês vão abandonar estes corpos. — Piper repetiu com ainda mais força.
Jason franziu sua face. Sua testa estava encharcada de suor. — Nós-nós iremos deixar estes corpos.
— Vocês irão jurar pelo Estige que nunca retornarão a esse navio — Piper continuou — e nunca mais possuir nenhum membro dessa tripulação.
Ambos, Leo e Percy, silvaram em protestos.
— Vocês irão jura pelo Estige. — Piper insistiu.
Um momento de tensão, ela podia sentir suas vontades lutando contra a dela. Então os três eidolons falaram em uníssono: — Nós juramos pelo Rio Estige.
— Vocês estão mortos. — Piper disse.
— Estamos mortos. — Eles concordaram.
— Agora, vão.
Todos os três garotos tombaram bruscamente para frente. Percy caiu de cara em sua pizza.
— Percy! — Annabeth o agarrou.
Piper e Hazel seguraram os braços de Jason enquanto ele escorregava de sua cadeira.
Leo não teve tanta sorte. Ele caiu de frente ao Frank, que não fez nenhuma tentativa de segurá-lo. Leo acertou o chão.
— Aii! — Ele grunhiu.
— Você está bem? — Perguntou Hazel.
Leo levantou-se sozinho. Ele tinha um pedaço de espaguete no formato de um 3
pregado na sua testa. — Funcionou?
— Sim. — Piper disse, com plena certeza de que estava certa. — Não acho que
voltarão.
Jason piscou. — Isso significa que agora posso parar de machucar minha cabeça?
Piper riu, exalando todo seu nervosismo. — Qual é, Garoto Relâmpago! Venha tomar um ar fresco.
Piper e Jason andaram pra frente e pra trás pelo convés. Jason ainda estava cambaleante, então Piper o encorajou a segurar em seu braço para que ele pudesse se apoiar.
Leo permaneceu no leme, conferenciando com Festus através do interfone; ele sabia
por experiência própria dar espaço ao Jason e Piper. Desde que a TV por satélite voltou a funcionar, o treinador Hedge estava em sua cabine se atualizando sobre suas lutas de MMA.
O Pégaso de Percy, Blackjack, havia voado para algum lugar. Os outros semideuses estavam se ajeitando para a noite.
O Argos II rumava a leste, velejando a várias centenas de pés sobre o solo. Abaixo deles pequenas cidades passavam como se fossem ilhas iluminadas em meio ao negro mar de pradarias.
Piper se lembrou do último inverno, voando em Festus, o dragão, sobre a cidade de Quebec. Ela nunca havia visto algo tão bonito ou se sentido tão feliz de ter os braços de Jason a seu redor, mas isso era ainda melhor.
A noite estava morna. O navio velejava de forma mais suave do que um dragão. E o melhor de tudo: eles estavam se afastando do Acampamento Júpiter o mais rápido que podiam. Não importava o quão perigoso as terras antigas eram, Piper não via a hora de chegar lá. Ela esperava que Jason estivesse certo que os Romanos não os seguiriam através do Atlântico.
Jason parou á meia náu e se inclinou contra o parapeito do navio. A luz da lua fez com que seus cabelos loiros ficassem prateados.
— Obrigado, Pipes — ele disse. — Você me salvou de novo.
Ele colocou seus braços em volta da cintura dela. Ela pensou no dia em que eles caíram no Grand Canyon, a primeira vez que ela viu que Jason podia controlar o ar. Ele a havia segurado tão firme que ela podia sentir seu coração bater. Então eles pararam de cair e flutuaram no meio do ar. O. Melhor. Namorado. De. Todos.
Ela queria beijá-lo agora, mas algo a impedia.
— Eu não sei se Percy voltará a confiar em mim novamente — ela disse. — Não depois que eu deixei seu cavalo nocauteá-lo.
Jason riu. — Não se preocupe com isso. Percy é um cara legal, mas tenho a impressão de que ele precisa de uns nocautes de vez em quando.
— Você poderia tê-lo matado.
O sorriso de Jason sumiu. — Aquele não era eu.
— Mas eu quase permiti com que você o fizesse. — disse Piper. — Quando Gaia disse que eu tinha que escolher, eu hesitei e...
Ela piscou, amaldiçoando-se por estar chorando.
— Não seja tão dura consigo. — Jason disse. — Você nos salvou.
— Mas se dois do nosso grupo realmente têm de morrer, um garoto e uma garota...
— Eu não aceito isso. Nós vamos parar Gaia. Todos os sete voltarão vivos. Eu te prometo.
Piper desejou que ele não tivesse prometido. A palavra só a fazia lembrar-se da Profecia dos Sete: um juramento a manter com um alento final .
Por favor, ela pensou, se perguntando se sua mãe, deusa do amor, podia ouvi-la. Nãodeixe com que seja o alento final de Jason. Se amor significa alguma coisa, não o leve .
Assim que fez seu pedido ela se sentiu culpada. Como ela poderia aguentar ver Annabeth naquele tipo de dor se Percy morresse? Como ela poderia viver consigo se  qualquer um dos sete semideuses morresse? Cada um deles já havia aguentado bastante.
Até mesmo os dois novos garotos Romanos, Hazel e Frank, a quem Piper mal conhecia, já pareciam da família. No Acampamento Júpiter, Percy havia recontado a viagem deles para o Alasca, o que soou tão agustiante quanto qualquer coisa que Piper tenha passado. E pelojeito que Frank e Hazel tentaram ajudar durante o exorcismo, ela podia dizer que eles eram corajosos, pessoas boas.
— A lenda que Annabeth mencionou — ela disse. — sobre a Marca de Atena... Por que você não queria falar sobre aquilo?
Ela temia que Jason pudesse afastá-la, mas ele abaixou a cabeça como se estivesse esperando aquela pergunta. — Piper, eu não sei o que é verdade ou não. A lenda... Isso pode ser bem perigoso.
— Pra quem?
— Para todos nós. — ele disse sorrindo. — A história fala que os Romanos roubaram algo importante dos Gregos, lá nos tempos antigos, quando Roma conquistou as cidades da Grécia.
Piper esperou, mas Jason parecia perdido em pensamentos.
— O que eles roubaram? — ela perguntou.
— Eu não sei. — ele disse. — Não tenho certeza se a legião já soube algum dia. Mas de acordo com a história, essa coisa foi levada para Roma e escondida lá. Os filhos de Atena, semideuses Gregos, tem nos odiado desde então. Eles sempre alertavam seus  irmãos sobre os Romanos. Como eu disse, eu não sei o quanto essa história é verdade...
— Mas por que não contar para Annabeth? — Piper perguntou. — Ela não vai te odiar de repente.
Ele parecia ter problemas em focar nela. — Espero que não. Mas a lenda diz que os filhos de Atena têm procurado por essa coisa por milênios. Cada geração, alguns poucos são escolhidos pela deusa para achar a coisa. Parece que eles são guiados à Roma por um sinal... A Marca de Atena.
— Se Annabeth é um desses buscadores... Nós podemos ajudá-la.
Jason hesitou. — Talvez. Quando chegarmos mais perto de Roma eu irei contar a ela o pouco que eu sei. Sério. Mas a história, pelo menos da forma que eu a ouvi, diz que se os Gregos algum dia acharem o que foi roubado, eles nunca nos perdoarão. Eles destruiriam as legiões e Roma, de uma vez por todas. Depois do que Nêmesis disse para o Leo, sobre Roma ser destruída daqui cinco dias...
Piper estudou o rosto de Jason. Ele era, sem sombra de dúvidas, a pessoa mais
corajosa que ela já conheceu, mas ela percebeu que ele estava com medo. A lenda - a ideia de que ela poderia separar o grupo e demolir uma cidade - absolutamente o amedrontava.
Piper se perguntou o que poderia ter sido roubado dos gregos que seria tão importante.
Ela não conseguia imaginar nada que pudesse fazer repentinamente Annabeth se tornar vingativa.
Mas novamente, Piper não conseguia imaginar escolher entre a vida de um semideus ou outro e hoje na rodovia deserta, apenas por um momento, Gaia quase a havia tentado a...
— A propósito, desculpa. — disse Jason.
Piper limpou a ultima lágrima de seu rosto. — Desculpa por que? Foi o eidolon que atacou...
— Não estou falando disso. — A pequena cicatriz no lábio superior de Jason parecia ter um brilho esbranquiçado na luz da lua. Ela sempre adorou aquela cicatriz. A imperfeição tornava seu rosto bem mais interessante.
— Fui estúpido de lhe pedir para contatar Reyna — ele disse. — Eu não estava
pensando.
— Ah! — Piper olhou para as nuvens e se perguntou se sua mãe, Afrodite, estava de alguma forma o influenciando. Seu pedido de perdão parecia bom demais para ser verdade.
Mas não pare, ela pensou. — Sério, está tudo bem.
— É só que... Eu nunca me senti daquele jeito perto de Reyna. — Jason disse – Então, eu não pensei sobre como isso a deixaria desconfortável. Você não precisa se preocupar com nada, Pipes.
— Eu queria odiá-la — Piper admitiu — Eu estava com tanto medo de que você voltasse para o Acampamento Júpiter.
Jason pareceu surpreso. — Isso não vai acontecer nunca. Não a menos que você venha comigo. Eu prometo.
Piper segurou sua mão. Ela conseguiu forçar um sorriso, mas estava pensando: Outra promessa. Um juramento a manter com um alento final.
Ela tentou tirar aqueles pensamentos de sua cabeça. Ela sabia que deveria apenas
aproveitar esse tranquilo momento com Jason. Mas à medida que olhava do lado do navio, ela não conseguia parar de lembrar o quanto a pradaria a noite parecia como água negra – como o quarto em que eles se afogavam que ela havia visto na lâmina de sua adaga.

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