segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Filho de Sobek (3\4)

Leia a 1º parte da historia  AKI  e a 2° AKI

Inútil e estúpido? Sim. Mas eu não poderia deixar de admirar sua bravura. Eles estavam fazendo o seu melhor para derrubar um monstro que havia invadido o seu bairro.
Talvez eles não vissem o crocodilo do jeito que era. Talvez seus cérebros mortais fizessem com que eles pensassem ser um elefante que escapou do zoológico, ou um entregador do FedEx enlouquecido com um desejo de morte.
Seja lá o que for que estavam vendo, estavam em perigo.
Minha garganta se fechou. Pensei em meus iniciados na Casa do Brooklyn, que não eram mais velhos que essas crianças, e meu instinto de “irmão mais velho protetor” entrou em ação. Eu corri para a rua, gritando.
— Saiam de perto disto! Corram!
Então atirei minha varinha direto na cabeça do crocodilo.
— Sa-mir.
Acertei bem no focinho do crocodilo, então luzes azuis ondularam pelo seu corpo. Por toda a pele do monstro, o hieróglifo para dor cintilou:


Em todo lugar que o símbolo apareceu, a pele do monstro soltou fumaça e estralou, fazendo o monstro se contorcer todo em aborrecimento.
As crianças se espalharam, se escondendo atrás de carros e caixas de correio arruinadas. O petsuchos virou seus brilhantes olhos amarelos para mim.
Ao meu lado, Percy assobiou baixinho,
— Bem, você conseguiu a atenção dele.
— É.
— Você tem certeza que não podemos matar aquilo? — ele perguntou.
— Sim.
O animal parecia estar acompanhando nossa conversa, alternando seus olhos amarelos entre nós, como se decidindo qual de nós comer primeiro.
—Mesmo se você pudesse destruir seu corpo — eu disse — ele apenas iria reaparecer em algum lugar próximo. Aquele colar? É encantado com o poder de Sobek. Para vencê-lo nós temos que arrancar aquele colar do pescoço. Então o petsuchos deverá encolher de volta para um crocodilo normal.
— Eu odeio a palavra deverá —, Percy murmurou, — Está certo, eu dou um jeito no colar. Você tenta manter ele ocupado.
— Por que eu tenho que o manter distraído?
— Porque você é o mais irritante — disse Percy — Apenas tente não ser comido de novo.
— ROOOAR! — o monstro gritou, seu bafo parecendo o lixo de um restaurante de frutos do mar.
Eu ia discutir de que Percy era bem irritante também, mas eu não tive chance. O petsuchos atacou, e meu novo irmão em armas correu para um lado, me deixando bem no meio do caminho de destruição.
Meu primeiro pensamento foi: Ser comido duas vezes em um dia será bastante vergonhoso.
Com o canto do meu olho, pude ver Percy mergulhando em direção ao flanco direito do crocodilo. Eu ouvi as crianças mortais saindo de seus esconderijos, gritando e atirando mais balões de água como se estivessem tentando me proteger.
O petsuchos veio pesadamente em minha direção, com suas mandíbulas abertas para me abocanhar.
E eu fiquei bravo.
Eu tinha enfrentado os piores Deuses egípcios. Eu entrei no fundo do Duat e caminhei pela terra de demônios. Eu estive nas próprias margens do oceano do caos. E eu não iria recuar para um lagarto super crescido.
O ar estralou com poder enquanto meu avatar de combate se formava ao redor – um brilhante exoesqueleto azul na forma de Hórus.
Eu fui tirado do chão até que eu estava no meio de um guerreiro com cabeça de falcão a 20 pés de altura. Dei um passo a frente, me apoiando, e o avatar imitou exatamente os meus movimentos.
Percy gritou, — Santa Hera! O que é-?
E o crocodilo bateu em mim.
Ele quase me derrubou. Com suas mandíbulas fechadas ao redor do braço livre do meu avatar, mas eu desci a espada azul brilhante do meu guerreiro falcão em cima do pescoço do crocodilo.
Talvez o petsuchos realmente não pudesse ser morto. Eu estava pelo menos esperando poder cortar fora o colar, que era a fonte do seu poder.
Infelizmente minha lâmina passou longe. Acertei o monstro no ombro, cortando seu couro. No lugar de sangue, ele jorrou areia, o que é bastante típico de monstros egípcios. Eu iria apreciar o ver desintegrar completamente, mas não tive tal sorte. Assim que puxei minha espada para liberdade, a ferida começou a cicatrizar e a areia se reduziu a quase nada. O crocodilo balançou a cabeça para todos os lados me tirando do chão e me balançando como um cachorro com um brinquedo de mastigar.
Quando ele me soltou, eu sai voando para a casa mais próxima e entrei pelo telhado, deixando uma cratera com formato de guerreiro falcão na sala de estar de alguém. Eu esperava apenas não ter achatado nenhum mortal enquanto assistiam Dr.Phill.
Quando minha visão clareou, eu vi duas coisas que me irritaram. Primeiro, o crocodilo estava correndo em minha direção novamente. Segundo, meu novo amigo Percy estava parado no meio da rua, me encarando totalmente chocado.
Aparentemente meu avatar de combate tinha o assustado tanto que ele havia esquecido sua parte no plano.
— Mas que coisa assustadora é essa? — Ele exigiu, — Você estava dentro de um brilhante homem-galinha gigante!
— Falcão! — eu gritei.
Eu decidi que se eu sobrevivesse há esse dia, eu iria dar um jeito de nunca o deixar conhecer Sadie. Eles provavelmente iriam se revezar em me insultar pelo resto da eternidade. — Uma pequena ajudinha aqui?
Percy descongelou e correu em direção à criatura. Com o monstro chegando perto eu o chutei no focinho, o que o fez espirrar e balançar sua cabeça longe o suficiente para eu me livrar da casa em ruínas.
Então Percy pulou na cauda da criatura e correu pela sua coluna. O monstro se debatia, sua pele vertendo água por todo lado, mas de algum jeito Percy conseguiu ficar no lugar. O cara deve ter praticado ginástica ou alguma coisa assim.
Enquanto isso as crianças mortais tinha encontrado uma munição melhor – pedras, sucata do carro destruído, até mesmo uns pedaços de ferro – e estavam lançando as coisas no monstro. Eu não queria que o crocodilo voltasse sua atenção para eles.
— EI!— Eu balancei minha kopesh na cara do bicho – um bom ataque solido que deveria ter arrancado o maxilar inferior, mas ele de alguma maneira se virou para fora da lâmina e a abocanhou. Nós acabamos lutando pela espada azul enquanto ele chiava com a boca, fazendo seus dentes se desmanchar em areia. Aquilo não poderia ter sido bom, mas o crocodilo aguentou firme, puxando contra mim.
— Percy! — Eu gritei, — Quando você quiser!
Percy se atirou até o colar. Ele o agarrou e começou a cortar os elos de ouro, mas a sua espada de bronze sequer fez um arranhão. 
Enquanto isso o crocodilo enlouquecia tentando arrancar a espada da minha mão. E meu avatar de combate começou a tremer.
A invocação de avatar é uma coisa a curto prazo, como correr em velocidade máxima. Você não consegue fazer durar muito, se não entra em colapso. Neste momento eu já estava suando e respirando com dificuldade. Meu coração disparou, meus reservatórios de magia estavam sendo dizimados.
— Rápido, — eu disse para Percy.
— Eu não consigo cortar isso! —, ele disse.
— Um fecho — eu disse. — Tem que haver um.
Assim que eu disse isso, o vi - na garganta do monstro, um cartucho de ouro circundado com hieróglifos que soletravam SOBEK. — Está lá — na parte de trás!
Percy desceu pelo colar, escalando-o como uma rede, mas nesse momento meu avatar entrou em colapso. Eu caí ao chão, exausto e tonto. A única coisa que salvou minha vida foi que o crocodilo estava puxando a espada do meu avatar. Quando a espada desapareceu, o monstro cambaleou para trás e tropeçou em um Honda.
As crianças mortais dispersaram. Uma mergulhou debaixo de um carro, só para que o carro desaparecesse – atirado ao ar pela cauda do crocodilo.
Percy chegou á parte de trás do colar e se segurou com se sua vida dependesse disso.
Sua espada tinha ido embora. Provavelmente ele a tinha deixado cair.
Enquanto isso, o monstro recuperou o equilíbrio. A boa notícia: ele não pareceu notar Percy. A má notícia: ele definitivamente me notou e pareceu extremamente endurecido.
Eu não tinha a energia para correr, muito menos para convocar mágica para lutar. Neste ponto, as crianças mortais com seus balões de água e rochas tinham mais chance de deter o crocodilo do que eu tinha.
À distância, sirenes soaram. Alguém chamou a polícia, o que não exatamente me animava. Isso só significava que mais mortais se dirigiam para cá o mais rápido que poderiam para se voluntariar como lanches.
Recuei até a calçada e tentei - ridiculamente - a olhar para baixo o monstro. — Quieto rapaz.
O crocodilo rosnou. Sua pele verteu água, como a mais grosseira fonte no mundo, fazendo meus sapatos chapinhar enquanto eu caminhava. Seus olhos amarelos-lâmpada me acompanhando, talvez brilhando de felicidade. Ele sabia que eu estava acabado.
Enfiei minha mão na minha mochila. A única coisa que eu encontrei foi um pedaço de cera. Eu não tinha tempo para construir um shabti apropriado, mas eu não tinha ideia melhor. Larguei minha mochila e comecei a amassar furiosamente a cera com ambas as mãos, tentando amolecê-la.
— Percy? — Eu chamei.
— Não consigo destrancar o fecho! —, Ele gritou. Eu não ousava tirar os olhos do crocodilo, mas na minha visão periférica eu podia ver Percy batendo o punho contra a base do colar. — Algum tipo de mágica?
Essa foi à coisa mais inteligente que ele disse durante toda à tarde (não que ele havia dito um monte de coisas inteligentes para que eu pudesse escolher). O fecho era um cartucho de hieróglifos. Seria preciso um mago para entendê-lo e abri-lo. O que quer ou quem quer Percy fosse, ele não era um mago.
Eu ainda estava moldando o pedaço de cera, tentando transformá-la em uma estatueta, quando o crocodilo decidiu parar de saborear o momento e apenas me comer. Quando ele pulou, eu joguei meu shabti, apenas metade formado, e rosnei uma palavra de comando.
Instantaneamente o hipopótamo mais deformado do mundo ganhou vida em pleno ar. Ele partiu de cabeça na narina esquerda do crocodilo e se alojou lá, chutando com suas curtas pernas traseiras.
Não foi exatamente o meu melhor movimento tático, mas ter um hipopótamo chutando o seu nariz deveria ser distração suficientemente. O crocodilo silvou e tropeçou, sacudindo a cabeça, enquanto Percy pulou e rolou para longe, mal evitando ser pisoteando pelos pés do crocodilo. Ele correu para se juntar a mim na calçada.
Eu olhei com horror como minha criatura de cera, agora um vivo (embora muito disforme) hipopótamo, tentou se livrar da narina do crocodilo ou buscou um caminho ainda mais fundo através da cavidade nasal do réptil - eu não tinha certeza qual.
O crocodilo girava em circulo e Percy agarrou-me na hora certa, me puxando para fora do caminho.
Nós corremos para a saída oposta do beco sem saída, onde as crianças mortais haviam se reunido. Surpreendentemente, nenhuma delas parecia estar 
ferida. O crocodilo manteve se debatendo e acabando com casas, enquanto tentava limpar a sua narina.
— Você está bem? — Percy me perguntou.
Eu aferi em busca de ar, mas acenei com a cabeça fracamente.
Um dos garotos me ofereceu sua pistola d’água. Eu dispensei com um aceno.
— Vocês — Percy disse às crianças: — ouvem aquelas sirenes? Você tem a descer a estrada e parar a polícia. Diga-lhes que é muito perigoso aqui em cima. Enrolem eles!
Por alguma razão, as crianças escutavam. Talvez estivessem apenas felizes por terem algo a fazer, mas, da forma como Percy falou, eu tenho a sensação de ele estava acostumado animar tropas em desvantagem. Ele soou um pouco como Hórus - um comandante natural.
Depois que as crianças saíram correndo, eu consegui dizer: — Boa ideia.
Percy assentiu tristemente. O crocodilo ainda estava distraído por seu intruso nasal, mas eu duvidava que o shabti fosse durar muito mais tempo. Sob essa quantidade de stress, o hipopótamo iria em breve derreter de volta em cera.
— Você tem algumas jogadas, Carter — Percy admitiu. — Qualquer outra coisa em seu saco de truques?
— Nada —, eu disse tristemente. — Eu fiquei sem nada. Mas se eu puder chegar á aquele fecho, eu acho que posso abri-lo.
Percy avaliou o petsuchos. O beco sem saída estava se enchendo de água que vertia da pele do monstro. As sirenes estavam ficando mais alta. Nós não tínhamos muito tempo.
— Acho que é a minha vez de distrair o crocodilo —, disse ele. — Prepare-se para correr até aquele colar.
— Você não tem sequer a sua espada, — eu protestei. — Você vai morrer!
Percy deu um sorriso torto. — Apenas corra para lá assim que começar.
— Assim que o quê começar?
Em seguida, o crocodilo espirrou, lançando a cera hipopótamo através de Long Island. O petsuchos voltou-se para nós, rugindo com raiva, e Percy avançou diretamente para ele.
 Leia a prox parte AKI

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