quarta-feira, 27 de março de 2013

49º cap de A marca de Atena


XLIX- Annabeth
ANNABETH TINHA ATINGIDO O LIMITE DO TERROR.
Ela foi atacada por fantasmas chauvinistas. Ela tinha quebrado o tornozelo. Ela tinha sido perseguida através de um abismo por um exército de aranhas. Agora, em dor, com o tornozelo envolto em placas e plástico bolha e desarmada, exceto por sua adaga, ela
enfrentava a monstruosa metade-aranha Aracne que queria matá-la e fazer uma tapeçaria comemorativa sobre o fato.

Nas últimas horas Annabeth tremeu, suou, gemeu e derramou muitas lágrimas até que o corpo dela simplesmente desistiu de ficar com medo. Sua mente disse algo como: Ok, desculpe. Não consigo ficar mais aterrorizada do que já estou.
Então, ao invés disso, Annabeth começou a pensar.
A criatura monstruosa começou a descer a partir do topo coberto por teias da estátua. Ela alternava de fio em fio, sibilando com prazer, seus quatro olhos brilhando no escuro. Ou ela
não estava com pressa ou ela era lenta.
Annabeth esperava que ela fosse lenta.
Não que isso importasse. Annabeth não estava em condições de correr e ela não gostava de suas chances em um combate. Aracne provavelmente pesava várias centenas de quilos.
Aquelas pernas farpadas eram perfeitas para capturar e matar sua presa. Além disso, Aracne provavelmente tinha outros horríveis poderes — uma mordida venenosa ou a habilidade de arremesso de teias como se fosse um Homem-Aranha Grego Antigo.
Não. Combate não era a resposta.
Sobrou trapaça e inteligência.
Nas lendas antigas Aracne ficou encrencada por causa de seu orgulho. Ela se gabou de
que suas tapeçarias eram melhores do que as de Atena o que tinha conduzido ao primeiro
programa reality show de punição da TV Monte Olimpo: Então Você Acha que Pode Tecer
Melhor do que uma Deusa? Aracne perdeu em grande estilo.
Annabeth sabia algo sobre ser orgulhosa. Está era sua falha fatal também. Muitas vezes
teve de lembrar-se de que ela não podia fazer tudo sozinha. Ela nem sempre era a melhor
pessoa para cada tarefa. Às vezes, ela centralizava sua visão e esquecia o que as outras
pessoas precisavam, até mesmo Percy. E ela poderia ficar facilmente distraída falando sobre
seus projetos favoritos.
Mas ela poderia usar essa fraqueza contra a aranha? Talvez se ela ganhasse tempo...
Embora ela não tivesse certeza de como protelar ajudaria. Seus amigos não seriam
capazes de alcançá-la mesmo que soubessem para onde ir. A cavalaria não viria. Ainda
assim, protelar era melhor do que morrer.
Ela tentou manter a expressão calma, o que não era fácil com um tornozelo quebrado. Ela
mancou para a tapeçaria mais próxima — uma paisagem urbana da Roma Antiga.
— Maravilhosa. — disse ela. – Diga-me sobre este tapeçaria.
Os lábios de Aracne se curvaram sobre suas mandíbulas. – Por que você se importa?
Você está prestes a morrer.
— Bem, sim — disse Annabeth. — Mas do jeito que você capturou a luz é incrível. Você
usou verdadeiros fios de ouro para os raios de sol?
A tapeçaria era realmente magnifica. Annabeth não teve que fingir estar impressionada.
Aracne permitiu-se um sorriso de satisfação. — Não, criança. Não é ouro. Eu misturei as
cores, contrastando o amarelo brilhante com tons mais escuros. Isso é o que lhe dá um
efeito tridimensional.
— Lindo. — A mente de Annabeth dividiu-se em dois níveis diferentes: um continuando
com a conversa e o outro tentando loucamente encontrar um esquema para sobreviver.
Nada ocorreu a ela. Aracne foi derrotada apenas uma vez — pela própria Atena e foi
preciso magia divina e incrível habilidade em um concurso de tecelagem.
— Então... — ela disse. — Você viu esta cena pessoalmente?
Aracne sibilou, com a boca espumando de uma forma não muito atraente. — Você está
tentando atrasar sua morte. Não vai funcionar.
— Não, não. — Annabeth insistiu. — Parece uma pena que essas belas tapeçarias não
podem ser vistas por todos. Elas pertencem a um museu, ou...
– Ou o quê? – Aracne perguntou.
Uma ideia completamente maluca começou a surgiu na mente de Annabeth, como sua
mãe surgiu da cabeça de Zeus. Mas ela poderia fazer dar certo?
— Nada. — Ela suspirou melancolicamente. — É um pensamento bobo. Uma pena.
Aracne afundou a estátua até que ela estivesse empoleirada em cima do escudo da
deusa. Mesmo daquela distância, Annabeth podia sentir o fedor da aranha, como uma
padaria inteira cheia de bolos deixados apodrecendo durante um mês.
— O que? — A aranha pressionou. — Que pensamento bobo?
Annabeth teve que forçar-se a não recuar. Com o tornozelo quebrado ou não, todos os
nervos em seu corpo pulsavam com medo, dizendo-lhe para se afastar da enorme aranha
pairando sobre ela.
— Ah... É só que eu estive encarregada de redesenhar o Monte Olimp. — disse ela. —
Você sabe, após a Guerra dos Titãs. Eu completei a maior parte do trabalho, mas
precisamos de um monte de arte pública de qualidade.
A sala do trono dos deuses, por exemplo... Eu estava pensando em exibir seu trabalho lá.
Os Olimpianos poderiam finalmente ver como você é talentosa. Como eu disse, foi um
pensamento bobo.
O abdômen peludo de Aracne tremeu. Seus quatro olhos brilhavam como se ela tivesse
um pensamento separado por trás de cada um e estava tentando tecê-las em uma rede
coerente.
— Você está redesenhando o Monte Olimpo – disse ela. – Meu trabalho... Na sala do
trono.
— Bem, outros lugares também. — disse Annabeth. — O pavilhão principal poderia ter
vários destes. Aquele retratando a paisagem Grega — as Nove Musas adorariam. E eu
tenho certeza que os outros deuses lutariam por seu trabalho também. Eles competiriam
para ter suas tapeçarias em seus palácios. Eu acho que, além de Atena, nenhum dos
deuses já viu o que você pode fazer?
Aracne estalou as mandíbulas. — Dificilmente. Nos velhos tempos, Atena rasgou todos
meus melhores trabalhos. Minhas tapeçarias representavam os deuses em formas bastante
desfavoráveis, entende. Sua mãe não gostava disso.
— Meio hipócrita, — Annabeth disse. — desde que os deuses zombam uns dos outros o
tempo todo. Eu acho que o truque seria pôr um deus contra o outro. Ares, por exemplo,
amaria uma tapeçaria tirando sarro da minha mãe. Ele sempre se ressentiu de Atena.
A cabeça de Aracne inclinou-se em um ângulo não natural. – Você iria trabalhar contra a
sua própria mãe?
— Estou apenas dizendo o que Ares gostaria. – Annabeth disse. – E Zeus adoraria algo
que caçoasse de Poseidon. Ah, eu tenho certeza que se os Olimpianos vissem o seu
trabalho eles percebem como você é incrível e eu teria que intermediar uma guerra iminente.
Quanto a trabalhar contra a minha mãe, por que eu não deveria? Ela me mandou aqui
para morrer, não é? A última vez que a vi em Nova York ela basicamente me renegou.
Annabeth lhe contou a história. Ela compartilhou sua amargura e tristeza e deve ter soado
verdadeira. A aranha não atacou.
— Esta é a natureza de Atena. — Aracne sibilou. — Ela põe de lado até mesmo sua
própria filha. A deusa nunca permitiria que minhas tapeçarias fossem expostas nos palácios
dos deuses. Ela sempre teve inveja de mim.
— Mas imagine se você pudesse finalmente conseguir sua vingança.
— Ao matar você!
— Pode ser. — Annabeth coçou a cabeça. — Ou... Pode me deixar ser seu agente. Eu
poderia começar seu trabalho no Monte Olimpo. Eu poderia organizar uma exposição para
os outros deuses. No momento que minha mãe descobrisse seria tarde demais. Os
Olimpianos finalmente verão que o seu trabalho é melhor.
— Então você admite isso! — Aracne chorou. — A filha de Atena admite que eu sou
melhor! Ah, isso é soa tão doce aos meus ouvidos.
— Mas você faz muita coisa boa. — Annabeth apontou. — Se eu morrer aqui, você
continua vivendo no escuro. Gaia destruirá os deuses e eles nunca perceberam que você
era a melhor tecelã.
A aranha assobiou.
Annabeth tinha medo que sua mãe aparecesse de repente e a amaldiçoasse com algum
terrível tormento. A primeira lição que cada filho de Atena aprendia: a Mãe era a melhor em
tudo e você nunca, jamais deveria sugerir o contrário.
Mas nada de ruim aconteceu. Talvez Atena entendesse que Annabeth estava apenas
dizendo estas coisas para salvar sua vida. Ou talvez Atena estivesse tão ocupada dividida
entre suas personalidades Grega e Romana, que ela não estava nem mesmo prestando
atenção.
— Isso não vai acontecer. — Aracne resmungou. — Eu não posso permitir isso.
— Bem... — Annabeth se mexeu, tentando manter seu peso fora de seu tornozelo latejante.
Uma nova rachadura apareceu no chão e ela mancou de volta.
— Cuidado! — Aracne estalou. — Os alicerces desse santuário foram devorados através
dos séculos!
O batimento cardíaco de Annabeth vacilou. — Devorados?
— Você não tem idéia de quanto ódio ferve abaixo de nós. — disse a aranha. — Os
pensamentos rancorosos de tantos monstros que tentaram chegar a Atena Paternos para
destruí-la. Minha teia é a única coisa que mantém este lugar unido, menina! Um passo em
falso e você terá longa queda até chegar ao Tártaro - e acredite em mim, ao contrário das
Portas da Morte, esta seria uma viagem só de ida, uma queda muito grande! Eu não deixarei
você morrer antes de me dizer o seu plano para a minha arte.
A boca de Annabeth tinha gosto de ferrugem. Longa queda até chegar ao Tártaro? Ela
tentou manter o foco, mas não era fácil ouvindo o chão rangendo e crepitando, derramando
escombros no vazio abaixo.
— Certo, o plano. — disse Annabeth. — Hum... Como eu disse, eu adoraria levar suas
tapeçarias para o Olimpo e pendurá-los em toda parte. Você pode esfregar o seu artesanato
no nariz de Atena por toda a eternidade. Mas a única maneira que eu poderia fazer isso...
Não. É muito difícil. Então você pode ir em frente e me matar.
— Não! — Aracne chorou. — Isso é inaceitável. Já não me traz qualquer prazer apenas
contemplar. Eu devo levar o meu trabalho ao Monte Olimpo! O que devo fazer?
Annabeth balançou a cabeça. — Desculpe, eu não deveria ter dito nada. Apenas envieme
para o Tártaro ou algo assim.
— Eu me recuso!
— Não seja ridícula. Mate-me.
— Eu não recebo ordens de você! Diga-me o que devo fazer! Ou... Ou...
— Ou você vai me matar?
— Sim! Não! — A aranha apertou suas pernas da frente contra a sua cabeça. — Eu tenho
que mostrar o meu trabalho no Monte Olimpo.
Annabeth tentou conter sua excitação. Seu plano poderia realmente funcionar... Mas ela
ainda tinha que Aracne convencer a fazer algo impossível. Lembrou-se de um bom conselho
que Frank Zhang tinha dado a ela: Mantenha a simplicidade.
— Acho que eu poderia puxar algumas cordas — ela admitiu.
— Eu me destaco em puxar cordas! — Disse Aracne. — Eu sou uma aranha!
— Sim, mas para começar a expor seu trabalho no Monte Olimpo, precisaríamos de uma
audição adequada. Eu teria que lançar a ideia, fazer uma proposta, montar um portfólio.
Hum... Você tem algumas fotografias?
— Fotografias?
— Preto-e-branco lustrosa... Oh, não importa. A parte da audição é a coisa mais
importante. Estas tapeçarias são excelentes. Mas os deuses exigiriam algo realmente
especial - algo que mostra o seu talento ao extremo.
Aracne rosnou. — Você está sugerindo que estes não são os meus melhores trabalhos?
Você está desafiando-me para um concurso?
— Oh, não! – Annabeth riu. — Contra mim? Meu Deus, não. Você é muito boa. Seria
apenas uma competição contra si mesma para ver se você realmente tem o que é preciso
para mostrar o seu trabalho no Monte Olimpo...
— É claro que eu tenho!
— Bem, eu certamente acho que sim. Mas o teste, você sabe... É uma formalidade. Eu
temo que será muito difícil. Tem certeza de que não quer apenas me matar?
— Pare de dizer isso! — Aracne gritou. – O que devo fazer?
— Eu vou te mostrar. — Annabeth abriu sua mochila. Ela tirou o laptop de Dédalo e o
abriu.
O logotipo delta brilhava no escuro.
— O que é isso? — Aracne perguntou. — Algum tipo de tear?
— De certa forma — Annabeth disse. — É para tecer ideias. Ele mantém um diagrama do
trabalho artístico que você iria construir.
Seus dedos tremiam no teclado. Aracne abaixou-se para olhar diretamente sobre
o ombro de Annabeth. Annabeth não pode deixar de pensar como facilmente os dentes de
agulha poderiam afundar em seu pescoço.
Ela iniciou o programa de imagem 3D. Seu último projeto ainda estava aberto - a chave
para o plano de Annabeth era inspirado na pessoa mais improvável de todas: Frank Zhang.
Annabeth fez alguns cálculos rápidos. Ela aumentou as dimensões do modelo e depois
mostrou a Aracne como poderia ser criado – fios de algum tipo de tecido em tiras, em
seguida trançados dentro de um longo cilindro.
A luz dourada da tela iluminou o rosto de aranha. – Você quer que eu faça isso? Mas isso
não é nada! Tão pequeno e simples!
— O tamanho real será muito maior. — advertiu Annabeth. — Você vê estas
medições? Naturalmente, deve ser grande o suficiente para impressionar os deuses. Pode
parecer simples, mas a estrutura tem propriedades incríveis. Sua seda de aranha seria o
material perfeito - macio e flexível, mas duro como aço.
— Eu endento... — Aracne franziu a testa. — Mas isto ainda não é uma tapeçaria.
— É por isso que é um desafio. Esta fora de sua zona de conforto. Uma peça como esta -
uma escultura abstrata – é isso o que os deuses estão querendo. Isto ficaria no salão de
entrada da sala do trono do Olimpo para todos os visitantes verem. Você seria famosa para
sempre!
Aracne fez um zumbido insatisfeito em sua garganta. Annabeth poderia dizer que ela não
estava comprando a ideia. Suas mãos começaram a sentir frio e suado.
— Isso precisaria de uma grande quantidade de teias — A aranha reclamou. — Mais do
que eu poderia fazer em um ano.
Annabeth estava esperando por isso. Ela calculou a massa e tamanho de em
conformidade. — Você precisa desenrolar a estátua. — disse ela. — Reutilizar a seda.
Aracne parecia prestes a protestar, mas Annabeth gesticulou para a Atena Partenos
como se não fosse nada. — O que é mais importante - cobrir essa velha estátua ou provar
que sua obra de arte é o melhor? Claro, você deve ser extremamente cuidadosa. Você
precisaria deixar teias suficientes para impedir que este lugar desabe. Então, se você acha
que é muito difícil...
— Eu não disse isso!
— Tudo bem. É só... Atena disse que a criação dessa estrutura trançada seria impossível
para qualquer tecelão, até mesmo ela. Então, se você não acha que pode...
— Atena disse isso?
— Bem, sim.
— Ridículo! Eu posso fazer isso!
— Ótimo! Mas você precisa começar imediatamente, antes que os Olimpianos decidam escolher outro artista para suas instalações.
Aracne rosnou. — Se você estiver me enganando, garota...
— Você me tem como refém. — Annabeth lembrou. – Não é como se eu pudesse ir a qualquer lugar. Uma vez que esta escultura esteja pronta, você concordará que é a peça mais incrível que você já fez. Se não, terei prazer em morrer.
Aracne hesitou. Suas pernas farpadas estavam tão perto que ela poderia ter empalado Annabeth com uma pancada rápida.
— Tudo bem. — disse a aranha. — Um último desafio. E contra eu mesma!
Aracne escalou sua teia e começou a desenrolar a Atena Partenos.

Um comentário:

  1. Como essa Annabeth é inteligente! Acho que até mesmo a mãe dela teria inveja da garota, que não usou magia ou habilidades específicas, somente a inteligência.

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